Hoje é o dia. Você acorda às sete da manhã, toma um
banho, penteia os cabelos olhando para o espelho com a maior cara de confiança,
abre o armário e aí vem a pergunta: como devo me vestir para a entrevista de
emprego? Atualmente a preocupação com a aparência não é algo fútil. O modo como
o candidato se apresenta faz toda diferença para ingressar no mercado de
trabalho.
Segundo Thaís Martins de Jesus, analista de RH da
loja de bijuterias Tomaladaká, alguns aspectos na aparência dependem da empresa
e da função para a qual o candidato está sendo selecionado. No caso de
atendentes, a estatura é levada em consideração, já que há necessidade de
manusear os produtos em prateleiras, também é preciso usar bijuterias e
maquiagens. “Na Tomaladaká, as vendedoras se produzem, usam bijuterias,
maquiam-se. Não posso ter uma funcionária alérgica a maquiagem ou bijuteria,
pois esses produtos são vendidos na loja e preciso que elas utilizem”, afirmou
Thais, sobre a importância da apresentação pessoal na empresa.
A higiene pessoal como barba feita, unhas limpas,
cabelos penteados e cuidados com o tipo de roupa usada na hora da entrevista
são fatores importantes que podem decidir ou não a contratação de um
funcionário. “A forma com que a pessoa se apresenta para a empresa, devidamente
penteada, vestida com roupas que não a vulgarizam, usando uniforme sem se
importar, com uma boa higiene pessoal, são os principais aspectos relevantes em
relação à aparência na hora da contratação”, disse Thaís.
Viviam Bissoli trabalha há três anos na Tomadadaká e
sempre gostou de usar bijuterias e maquiagens. Segundo a funcionária, uma das
principais exigências da loja é que elas sempre estejam bem apresentadas.
“Nunca fui de usar muita maquiagem, mas trabalhando aqui passei a usar mais e
aprendi como usar.”
Jéssica Alves é a funcionária mais nova da loja. Enviou
currículo pelo mesmo motivo de Viviam: gosta muito de maquiagem e bijuterias.
Para se adaptar às regras da loja, antes de ir para o trabalho, ela tira o piercing que tem no nariz. “Tiro o piercing para não apresentar um visual
grosseiro”, afirma a vendedora.
Há quem modifique o visual só para entrar no mercado
de trabalho. É o caso do jornalista Fernando Pontes, que usava dreads no cabelo. Fernando não chegou a
sofrer preconceito na hora de procurar emprego, mas decidiu mudar o cabelo e o
tipo de roupa. Segundo o jornalista, há um padrão no mercado de trabalho e,
independente de qualquer estilo, as pessoas devem se adaptar. “A idéia de ser
descolado e mostrar que você tem uma opinião diferente, gostos ou valores, não precisa
ficar estampado em você”, explica Fernando.
Para o jornalista, a hora da procura de emprego não é
o melhor momento para mostrar-se extravagante. “Precisamos construir um
caminho, fazer um nome, fixar a idéia que estilos independem de conduta e que
um bom profissional é o que sabe trabalhar.”
Cuidados no
momento da seleção
Na hora da entrevista, todo cuidado com a aparência é
importante . Para isso, a psicóloga e coordenadora do curso de psicologia da
FEF, Conceição Poletto recomenda que o candidato tenha atenção com a primeira
imagem a ser construída na entrevista. “O entrevistador pode ter lido meu
currículo, mas ele não me conhece pessoalmente”, afirma a psicóloga.
De acordo com Conceição, cuidados com a higiene
pessoal, excesso ou não de maquiagem, postura, comportamento e trajes
utilizados são muito observados pelos entrevistadores. O candidato deve se
vestir para uma entrevista, não para outro ambiente. “Quem procura emprego deve
optar pelo básico. Por exemplo, não é necessário usar terno e gravata, a não
ser que esteja concorrendo um cargo que exija esse tipo de traje. No caso de
jovens, não há nenhum problema em ir de tênis e camiseta, desde que o tênis
esteja limpo e não seja nada extravagante. As unhas devem estar limpas, de
preferência usar pouca maquiagem e nada de penteados mirabolantes”, explica.
O que diz a
lei
No último dia 6 de fevereiro, o Fantástico, programa
dominical da Rede Globo de Televisão, exibiu uma reportagem sobre três
professoras de São Paulo que foram aprovadas em um concurso público, mas não
puderam assumir a vaga por estarem obesas. Fabiana, Lídia e Ana Paula chegaram
a ser nomeadas para os cargos, mas na hora da posse, o laudo médico da perícia
as considerou inaptas para exercerem a função de professoras. As três
candidatas se sentiram discriminadas e entraram com a ação na Justiça.
De acordo com a advogada Renata Lacerda Borges
Scamatti, qualquer pessoa que se sinta discriminada pela aparência na hora de concorrer
a uma vaga de emprego pode entrar com ação judicial mediante boletim de
ocorrência. “É preciso registrar para que ocorrência sirva ou não como
instrumento de uma ação indenizatória”, alerta Renata.
A advogada afirma ainda que nenhuma empresa pode
exigir beleza como requisitos de um candidato, e de acordo com a lei, isso é
crime.
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